26 de novembro de 2008

Breve Dicionário neocrentecostal

Fé - Crer absolutamente naquilo que o pastor/apóstolo diga.

Amor - Atender o chamado do líder de louvor e dizer para a pessoa ao seu lado: "Eu te amo em Cristo Jesus".

Promessa - Carro, casa, dinheiro.

Evangelismo - Mandar alguém ir à igreja.

Adorar - Chorar durante horas cantando algum tipo de música lenta e repetitiva.

Fidelidade - Qualidade mostrada no ato de dizimar/ofertar mensalmente.

Levita - Pseudo-músico que se acha superior aos demais por cantar/tocar.

Perdão - Ficar fora de comunhão durante um tempo variável de acordo com o pecado.

Comunhão - Não ter ninguém te acusando ou falando a seu respeito.

Profeta - Expert em leitura corporal e oratória.

Deus - O cara responsável por abençoar quando mandado.

Espírito Santo - Ser que faz as pessoas caírem e receberem novas unções.

Jesus - Um cara que fez o oposto do que deve-se fazer.

Inferno - Lugar para onde os que não estão na igreja(templo) irão.

Diabo - O culpado por tudo de ruim que aconteça.

Esperança - Ser tão rico quanto os apóstolos da TV.

Salvação - Alcançada indo à igreja e sendo fiel (vide fidelidade).

Unção - Algo que se recebe para se sentir superior aos outros.

Abençoado - Ser cabeça e não cauda.

Pecado - Infração cometida contra a igreja e variável com a cartilha.

Igreja - Templo luxuoso que exige fidelidade para sua manutenção.


fonte:http://rapensando.blogspot.com/

Senhor, Obrigado pelo herege!!!

Elienai Cabral Junior


Minha admiração pelos hereges é indisfarçável. Eles mexem com os meus desejos mais escondidos. São capazes de me sensibilizar mais que quaisquer outros. Falam a minha alma. Adrenalizam meus pensamentos. Suas déias desconcertantes é que me fazem continuar vivo.

Eu confesso, preciso de suas heresias como da endorfina espalhada pelo meu corpo ao fim de cada corrida. Como um prazer vital. A estética da alma. A cada exercício fico suado e mais feliz. A cada heresia, desestabilizado e mais humano.



Mas antes que minha declaração de amor e gratidão aos hereges seja confundida com um delírio, preciso expor meus motivos e compreensões. Estou certo de que ganharei sua companhia em meus afetos.




Heresia é uma escolha e essa é a sua gravidade. A conceituação não é aleatória. A palavra grega para a ‘heresia’ que conhecemos é /haíresis/, seu significado literal é ‘escolha’. Heresia é como chamamos algo que não deveria ser escolhido como algo a dizer. Herege é o que faz a escolha que, mesmo podendo ser feita, não deveria.




Mas heresia nunca é um nome que quem nela incorre se dá. É uma palavra que apenas se encontra na boca de quem se sente contrariado, nunca na boca de quem contraria. Herege não é como quer se sentir quem discorda de um pensamento.

Herege é como quem sofre a oposição de idéias precisa que se sinta quem ousa fazê-lo. Porque a escolha feita por quem sofre a sentença de que é um herege é a escolha de não se submeter à hegemonia representada por quem pode assim sentenciar. Portanto, heresia não é uma questão sobre a verdade das coisas. Mas sobre quem manda de verdade.


Rubem Alves fala dos fortes e dos fracos como uma relação marcada pela heresia. “A heresia é a voz dos fracos. Do ponto de vista dos sacerdotes, os profetas sempre foram hereges. Do ponto de vista dos fariseus e escribas, Jesus foi também herege. E, como as Escrituras sistematicamente se situam ao lado dos fracos contra os fortes, é melhor dar mais atenção às heresias do que às ortodoxias.

É preciso situar a heresia, portanto, nas relações de poder. Quem levanta a suspeita de heresia não é quem está ingenuamente interessado na verdade, mas quem precisa se livrar de alguém que ameaça sua condição de dono da razão. O herege assalta o que se sente no direito de ter a última palavra.


Quem se sente com a última palavra é aquele que pratica o poder mais que o pensamento. Quem pratica o poder busca sempre se afirmar em detrimento do outro, do diferente. É preciso esvaziar de valor aquele que ameaça sua condição de superioridade.


Declarar que alguém é um herege é bem mais que dizer que ele discorda de suas idéias. Mas é fazer convergir sobre ele toda a violência acumulada em uma sociedade por seus medos, culpas, inadequações, acidentes, injustiças, frustrações. O herege é como o “bode expiatório” de René Girard. Alguém sobre quem incide a violência de todos em um acordo social silencioso, em uma compensação inconsciente.

Como aconteceu na tradição cristã com a personagem Judas Escariotes, aquele que traiu. Todos vacilaram e negaram fidelidade a Jesus, mas apenas Judas encarnou, no imaginário coletivo, o mal da humanidade. Como as bruxas na Idade Média, responsabilizadas por todas as desventuras de uma sociedade, eliminá-las era livrar-se do próprio mal humano.


Com o herege parece ser repetida a mesma mística coletiva e
inconsciente. Ele é o culpado pela instabilidade da vida. Declará-lo
herege é eliminá-lo de sua influência no destino de uma comunidade, como quem se livra do próprio mal da humanidade. Em uma sociedade ocidental do século XXI a fogueira tornou-se simbólica, mas não menos violenta. Destruído em sua integridade, o herege tem sua humanidade apagada. Suas palavras são pulverizadas e perdem o poder legítimo de interação.


Alguém sob a suspeita de heresia é sempre ouvido por todos com pedras nas mãos. Como nas cenas freqüentes dos evangelhos, quando os religiosos acusavam Jesus de blasfemar contra Deus ao se afirmar como um ser que sua religião não concebia: Filho de Deus. Em suas mãos, registra bem o detalhe quem narra, já estavam as pedras preparadas para serem desferidas em punição contra o blasfemo. O herege é alguém cujas idéias são ouvidas com as pedras nas mãos.


Há quatro palavras que precisam se associar para uma melhor compreensão do fenômeno herege. Instituição, ortodoxia, contingência e heresia.A instituição é via de mão única para um ser finito não entrar em inércia. Ninguém segue em frente em nenhum projeto ou relação sem institucionalizar.

Ninguém precisa parar e organizar friamente uma instituição para que ela surja. Basta seguir em frente no desenvolvimento natural de qualquer projeto ou relação.

Porque instituir é estabelecer a memória de uma viagem feita em comum com outros viajantes. Esta memória é constituída pelos hábitos, critérios, compromissos, regras, objetivos e teorias confeccionados ao longo do caminho. Eles são o mapa do caminho que já se fez e o que ainda precisa ser feito.

Sem esses valores nos transformamos em Sísifos, cujos trabalhos nunca se concluem. Sísifo foi o deus da mitologia grega conhecido por sua esperteza.

Por várias vezes conseguiu enganar /Tanatos /e /Hades/, deuses da morte e dos mortos. Ao morrer de velhice, Sísifo foi condenado a rolar montanha acima uma pedra de mármore. Cada vez que se aproximava do topo a pedra rolava montanha abaixo de novo com uma força insuperável, obrigando a começar de novo sem nunca terminar a tarefa.


Uma instituição é assim. Uma igreja, para falar mais de perto, precisa de uma programação a ser cumprida como uma agenda sagrada. São seus cultos. De uma linguagem que expresse suas crenças nos cultos. É a sua liturgia. De um conteúdo que responda aos seus questionamentos. É a sua pregação. De idéias que solidifiquem sua fé.

São seus dogmas. De pessoas que zelem por seus valores. É a sua hierarquia. É a memória que se cria ao longo de um caminho de fé compartilhado. Esta memória é que dará condição de sustentar um projeto com o passar do tempo, conquistando a confiança daqueles que a ele aderem e que anseiam por estabilidade. Esta adesão em busca de estabilidade é que autoriza a instituição.


A autoridade de uma instituição é o modo como é mistificada. A
instituição, seja ela casamento, igreja, estado, partido político,
agremiação, clube, faz o discurso, sempre e necessariamente, convincente de que é a resposta mais confiável para satisfazer determinadas necessidades ou aspirações. É a resposta persuasiva de que veio para ficar de tão pertinente.

O que a torna, então, um valor que precisa ser religiosamente perpetuado, com o risco de se desperdiçar algo essencial para a vida. Não demoram tanto, muitos estarão persuadidos sobre sua hegemonia: ela é a melhor resposta.

Sua perpetuidade: parece que sempre foi assim e, portanto, não deve ser de outro jeito. Sua heteronomia (uma regra que vem de outro): um deus a determinou, logo, é sagrada. Sua intocabilidade: opor-se a ela é quebrar um ciclo sagrado e, por isso, provocar a ira dos deuses, ou de Deus.


Mas curiosamente, a força que a torna necessária, a princípio, é a mesma que a fará questionável, depois. A contingência. Essa é a dinâmica da vida, sua “irresistível leveza de ser”, como no romance de Milan Kundera. A vida é fluida demais para ser emoldurada por uma instituição. O que hoje é, amanhã não mais será. Lulu Santos e Nelson Mota compuseram uma das mais belas canções que conheço: “Como uma onda no mar”, nela os poetas retratam a fluidez da vida. Uma de suas estrofes diz: “Tudo o que se vê não é/ Igual ao que a gente viu a um segundo/ Tudo muda o tempo todo no mundo/ Não adianta fugir/ nem mentir pra si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/ Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar!”

A vida não se repete. É inédita, imprevisível e incontrolável. As necessidades que geraram determinada instituição e suas respostas ou deixam de existir ou mudam.

Tornam-se mais complexas ou sem importância diante das outras e novas necessidades. Se mudam as necessidades, ou se deixam de
existir para existirem outras, mudam também as perguntas ou novas questões se impõem. É nessa dinâmica que surgem os hereges, “como uma onda no mar”. Como aqueles que ousam sugerir as novas respostas para as perguntas que ninguém quer ouvir. Quebram o encanto da estabilidade falando do que não estava previsto ou do que não era plausível dentro das teorias da instituição.


O herege é um desritmado. Todos dançam na mística do que está
instituído, em seu único ritmo. O herege por razões várias sai do ritmo. Viveu uma crise, divagou em um insight, sentiu-se entediado e insatisfeito, intuiu variações possíveis.

Qualquer ou quaisquer coisas que quebrem a seqüência e a unanimidade podem fazê-lo perceber o diferente. Ao sair do ritmo descobre uma nova possibilidade de dançar no mesmo salão. Descobre o improviso e o contratempo. Percebe que é possível, faz sentido e é bom ser diferente.


Thomas Kuhn chama o fenômeno que inicia a quebra de um paradigma de anomalia, um fator não explicado satisfatoriamente pela Ciência Normal. Até que um cientista, desprovido de muitas explicações, movido mais por intuição que por certeza, arrisca uma outra e heterodoxa explicação.

Logo terá em torno de si outros cientistas que também trabalharão com o candidato a novo paradigma até que ele venha a se tornar a Ciência Normal. O herege é como o cientista que, diante do acúmulo de perguntas não respondidas, destoa arriscadamente do modo como se vinha fazendo e explicando as coisas.


Mas há ainda outra palavra a ser associada para a compreensão do
fenômeno herege, a ortodoxia. Ela é o discurso a serviço da instituição.

Tem o seu bom valor em seu tempo real. Em determinadas condições aquelas respostas eram boas o bastante para serem levadas a sério e às últimas conseqüências. Ninguém constrói uma crença sem acreditar que ela faz sentido, que precisa ser ampliada e deve ganhar a coerência interna de seus argumentos.

Tanto quanto é relevante o bastante para ser objeto de persuasão do maior número de pessoas. Mas o grande problema da ortodoxia não é ela mesma e sim os ortodoxos.


Os ortodoxos são aqueles que atrelam ao discurso da ortodoxia seus valores pessoais. Um discurso feito sempre se confunde com o valor próprio de quem o publica. Quem doutrina sente a necessidade de perpetuar o pensamento ora defendido como quem salva a própria pele. São os ortodoxos que por auto-afirmação precisam sustentar a hegemonia de um pensamento: uma ortodoxia.

A perpetuação de uma doutrina a todo custo é sempre auto-perpetuação. Os estudiosos da psicologia interativa tratam da relação da fala com as paixões ideológicas. Uma vez que alguém se pronuncie a favor de determinada posição tende a associá-la a seu valor pessoal e, em defesa deste valor, lutar incansavelmente. Por isso o engajamento e a passionalidade. Certamente é por essa razão que quando alguém discorda de uma ortodoxia sofre uma reação tão violenta dos ortodoxos. Porque feriu sua própria carne.


Sem os ortodoxos a ortodoxia seguiria seu curso finito e natural: a
morte. Mas como a morte de uma ortodoxia é o fim dos valores de um ortodoxo e de sua auto-perpetuação, é preciso impedi-la como quem luta contra a própria morte.


Com o desenvolvimento das novas tecnologias na medicina, passamos a conviver com mais uma difícil ambigüidade. Algumas pessoas, ao fim anunciado de suas vidas, que já deram sinais de extrema debilidade física e, às vezes, de morte ‘existencial’, porque já não mais respondem às conversas, nem demonstram qualquer afetação emocional, mas estão tecnicamente vivas, sobrevivem mecanicamente.

São assim mantidas pelo enorme recurso tecnológico da ciência médica, com os antibióticos cada vez mais potentes, os aparelhos que substituem o funcionamento de órgãos vitais e o monitoramento fino que rastreia qualquer aproximação da morte. É a morte adiada. A complexidade está em definir até que ponto se pode manter um corpo vivo artificialmente sem o comprometimento ético da vida.

Afinal de contas somos seres finitos e a morte é o destino natural de todos. Fico sempre com a sensação de que se macula a dignidade de quem precisa se despedir com naturalidade da vida, mas é tecnicamente impedido.

Decidir por não usar recursos que vão apenas adiar a morte e protelar uma vida vegetativa, já tão bem anunciada, é muito difícil. Mas pode ser uma alternativa mais digna e, por que não, mais reverente à vida. Sei que o assunto é mais complexo do que minha intenção de que apenas sirva como ilustração.


A ortodoxia parece seguir a mesma terrível ambigüidade. Já não responde mais ao seu tempo como outrora. Tem aporias diversas em seu interior que comprometem sua pertinência. Não se comunica mais com as pessoas ao seu redor. Mas é mantida viva pela mística da instituição e o monitoramento zeloso dos ortodoxos.
A ortodoxia morre existencialmente, asfixia quem a ela está sujeito, combate com altas doses de apologia seus oponentes, mantém com culpa muitos ao redor de si e impede que a vida prossiga com a fluidez que a torna tão surpreendente e bela.


A heresia é a reverência à vida quando se escolhe não adiar a morte de uma ortodoxia. São as línguas confundidas do mito da Torre de Babel na Bíblia. Desaba a torre com suas pretensões de poder eterno, mas a vida se espalha sobre a terra em sua rica diversidade.
A confusão da linguagem libertou a humanidade da escravidão da ortodoxia. E no mito babélico, Deus é o grande herege: /“Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros. (...)Deu-se-lhe por isso o nome de Babel, pois foi lá que Iahweh confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra e foi lá que ele os dispersou sobre toda a face da terra.

Mas não foi a primeira e a única vez que Deus agiu hereticamente ou se colocou ao lado dos hereges. A história dos profetas confirma a sacralidade das heresias. Chama à atenção a profecia de Jeremias.

Enquanto grassa entre o povo a idéia otimista de que tudo estava bem e que o futuro seria de paz e prosperidade, Jeremias contrapõe. Denuncia as ruínas da nação dos judeus e anuncia a tragédia que bate a porta.

Todos se revoltam, alguém feriu a ortodoxia de uma ilusão. O profeta herege é lançado ao calabouço para que a sua voz não fale o que todos não aceitam que se diga. Somente depois, tudo o que o profeta-herege vaticinou fez sentido na mente de todos. Sem sua heresia, sequer haveria lucidez e aprendizado no meio da destruição da nação. Mas essa história é a história freqüente dos profetas, razão porque Deus se queixou do modo como o povo perseguia os profetas.


Mas a maior e redentora heresia de todos os tempos foi a encarnação de Deus. Deus feito gente, Cristo Jesus. Sua relação com a ortodoxia de então foi de profunda tensão: /“ele veio para o que era seu e os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem em seu nome.”

Jesus não foi o que a ortodoxia de sua religião e cultura determinava que fosse, uma reafirmação sobrenatural e violenta do judaísmo frente ao poder ultrajante dos romanos. Ele foi uma negação pacífica e radicalmente humana da pretensão sempre perversa de qualquer tipo de dominação sobre quem quer seja.


Não foi pela prática da força que Jesus anunciou a chegada do Reino de Deus. Ele escolheu praticar a fraqueza em uma cultura de forças, o amor que amadurece contra o poder que infantiliza. Acolheu a humilhação em uma disputa cujas armas eram a imponência e a ovação popular. Espalhava quando todos queriam aderir. Escondia-se quando todos reivindicavam visibilidade. Pedia silêncio quando os resultados serviam a mais poderosa propaganda.
Questionava e afligia as mentes quando muitos pressionavam pelas respostas simplistas e conclusivas. Era agressivo quando o mais politicamente estratégico era a polidez. Era Jesus quando todos esperavam um outro Cristo.


Jesus foi o vinho novo que reivindicou um novo odre, ou um tecido novo em negação aos remendos que apenas adiavam o fim de uma cultura e espiritualidade esgarçadas por suas contradições.


A cruz era a mão mais pesada do poder dominante. A mão forte do Império que só se justificava contra a mais terrível ameaça. Tanta força e violência convergindo sobre alguém tão frágil e suscetível – / "como uma ovelha muda que vai para o matadouro”, que não desejou os tronos instituídos de Roma ou dos judeus, tiveram ação reversa.

Refluíram contra os próprios autores, contra os poderosos de Roma e dos Judeus, como uma exibição de sua mesquinhez e tolice. A morte de Jesus foi a vitória da vida contra as forças mórbidas da ortodoxia. O Cristo morto desmascarou o perverso e tolo poder das instituições e ortodoxias sobre a vida e libertou a humanidade de sua tirania. O que parecia um poder inquestionável tornou-se um poder idiotizado.


A ressurreição de Jesus é muito mais que a vingança de Deus contra o mal. A ressurreição é insurreição. É Deus se insurgindo ao nosso lado contra toda e qualquer forma de sentença final sobre a vida humana.

Jesus ressuscitando é Deus se insurgindo a favor da vida. Contra todas as forças que pretendem congelar a vida para perpetuar poderosos. A ressurreição é a heresia de Deus contra a ortodoxia da morte.


Por isso, Senhor, obrigado pela heresia.




FONTE: www.elienaijr.wordpress.com

Outra liturgia para outra cultura



Eliel Batista


Todas as sociedades primitivas possuíam cerimônias especiais conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. Mais do que uma transição individual, os ritos representavam a sua aceitação e participação na sociedade.

Compreeder os ritos em sua essência, ajuda o ser humano a lidar bem com as mudanças da vida e a assumir novas responsabilidades. Ajuda também, a dar melhor historicidade e firmar valores pessoais.
Os rituais costumavam pontuar desprendimento, fechando um ciclo existencial e dando inicio a outro. O indivíduo deixava para trás coisas velhas para assumir outras novas.
Declarava-se no rito uma mudança de atitude e até mesmo de alteração de um grupo de relacionamento pessoal.


Vez por outra, o indivíduo chegava a trocar de nome o que representava uma radical mudança, uma declaração de ser uma nova pessoa a partir daquele instante.

Apesar do esvaziamento do significado original, alguns ritos ainda subsistem. Hoje em dia, as comemorações de 15 anos representam muito mais um evento social, do que o marco de uma nova fase na vida da mulher.

O batismo cristão serve como exemplo, de como com o passar do tempo, os ritos podem perder a força de seu real sentido. Visto apenas como uma pró-forma da religião, percebe-se por parte de um bom número de indivíduos, uma certa indiferença quanto ao compromisso de realmente cumprir a promessa feita diante da comunidade da fé. De igual forma, o casamento, mesmo diante de diversas testemunhas e documentos assinados, não inibe a facilidade de sua dissolução. Nas sociedades primitivas, a mudança ou promessa de um rito, era além de desejável, inquestionável, sagrada e uma obrigação impossível de se quebrar. Romper colocava em risco a sobrevivência da sociedade.

A prática de um mesmo rito difere de uma cultura para outra. Trote do vestibular, casamento, funeral e enterro, formatura, bodas, noivado, e diversos outros.
Cada um tem seu fundamento e serve para ratificar valores de uma sociedade. Por isso sua prática, a liturgia, precisa comunicar bem o propósito de sua existência. Sua execução precisa adaptar-se ao seu contexto cultural, para não perder o seu mais profundo significado.
Deveríamos como cristãos diante de nossa atual sociedade, nos perguntar se nossos rituais transmitem a mensagem de seu real símbolo?

A Ceia como exemplo:

Para uma cultura festiva em que comer junto significava a celebração da fraternidade, da vida, a abertura do privado para o outro, a ceia transmitia bem a mensagem de “koinonia”. Palavra normalmente traduzida por comunhão, mas cujo significado envolve muito mais, pois ela contém os conceitos de serviço, solidariedade, justiça, igualdade, fraternidade e mutualidade.

Em uma sociedade monárquica, com classes sociais distintamente extremadas entre nobres e plebe, não haveria melhor maneira de demostrar a maravilha do reino de amor e justiça, do que através de um ritual em que o soberano servisse o vassalo

Que significado teria a mesma ação em uma sociedade que se propõe igualitária?
Se nesta sociedade se valoriza mais o indivíduo do que a vida comunitária, e se sua cultura alimenta o egocentrismo, e o cidadão/consumidor tem seus direitos inalienáveis, o governante tem a obrigação de servir e é direito do governado ser servido.
Em nossa atual cultura o ritual da ceia transmite o significado de koinonia?

O amor para preservar sua essência precisa ser compartilhado ou deixa de ser amor. A ceia é um rito que simboliza o mais profundo amor.
Que tipo de significado tem para nossa sociedade um rito de doação, cuja prática em si transmite uma mensagem de recebimento?


Numa sociedade que luta pelos direitos individuais, como se deveria realizar um rito de caráter comunitário que significa doação e compartilhamento?

De maneira geral no atual ritual da ceia, cada crente permanece sentado em seu próprio lugar. Sem praticamente nenhuma interação com o outro, toma dos elementos das mãos de um único. Fecha seus olhos e numa postura isolada se concentra numa espiritualidade individual. A mensagem oral de comunhão é contraditada pela mensagem transmitida na prática do rito. Cada um é levado a se comportar individualmente como expectador da celebração.
Ela superestima a relação individual com Deus e subestima a relação comunitária com Deus. E uma não existe sem a outra. A ceia como parábola viva, deve revelar em seu ato, a verdade espiritual.
Se retirasse as palavras da ceia o que a liturgia transmitiria?

Penso a mensagem mais significativa da ceia como Corpo e Aliança.
Assim como Cristo se deu por nós devemos nos dar pelo outro, por isso a ceia transmite uma mensagem de um para com o outro: “este é o meu corpo dado a você” e de igual maneira “esta é a aliança que tenho com você”. Minha vida é sua e a sua é minha. Mensagem de pertencimento, pois há somente um pão e os que dele participam formam um só corpo. (1 Jo 3:16; 1 Cor 10:17)

Se toda nossa liturgia levar as pessoas a um comportamento de platéia, público, auditório e expectadores e somado a isto, se os figurais como púlpito, pregação, ministro de louvor, a disposição das cadeiras e o programa transmitirem uma mensagem de que alguns servem (ministram) e outros assistem, o tipo de envolvimento conseguido dos membros desta comunidade será apenas de expectadores.
Porque o rito e o ambiente promovendo mais o programa do que a vida comunitária e do que as relações interpessoais, num contexto que não compreende o programa como um serviço ou obrigação a Deus, pode-se acabar ressaltando no desenvolvimento social desta comunidade, um individualismo e descompromissado para com o outro.

A igreja precisa de um ambiente possível para que cada pessoa perceba que ela é única, mas não exclusiva.
Que cada crente ao sair de sua igreja, após aquele tempo maravilhoso de culto, esteja consciente de que pertence a um corpo, tem co-responsabilidades.
Penso que a mensagem oral e litúrgica da igreja deva desafiar as pessoas para que se abram para a vida e para o outro. Torne-as gente que crê apesar de suas fragilidades, limitações, e da volúpia do mundo injusto.
A graça é garantia suficiente do amor de Deus e se revela indiscutivelmente nas relações de fraternidade; de carinho.

Como penso a igreja do futuro (?).
- Um espaço de oportunidades para todos se compartilharem.


- O mestre aquele que desperta a vida de Cristo no discípulo e menos preocupado em passar conhecimento.



- O apologeta aquele que defende prioritariamente a vida e o amor, e com habilidade em colocar a doutrina a serviço dos homens. Que considere heresia o desprezo pela vida.



- Crente ou salvo aquele que torne em seu viver a realidade de Cristo e não aquele confessa um credo.



- O culto uma celebração da vida e contemplação de Cristo no outro.



- A confissão pública uma declaração de amor e comprometimento com Cristo e não um assentimento intelectual de uma declaração de fé.



- O pastor hábil na arte de acolher, menos orador e mais ouvinte.
- Ministro de louvor alguém com mais alma de poeta do que profissional da música.

Enfim, enquanto não desfrutamos do novo céu e nova terra onde habita justiça, vivamos cada dia com graça e esperança, produzindo paz e gerando vida.


Eliel Batista

FONTE: http://particulasdagraca.blogspot.com/

A divinização pastoral x demonização do crente



Antonio Carlos Barro e Jonathan Menezes


Apesar de que todas as evidências apontam para o contrário, todo ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus – imago Dei. Ter a imagem de Deus não significa ser como Deus, conforme propôs a serpente aos primeiros habitantes da Terra. Ter sido criado à imagem de Deus significa que o ser humano tem capacidade de exercitar alguns atributos que pertencem a Deus, tais como o amor, bondade, compaixão, misericórdia, e assim por diante. O exercício desses atributos não pode ser perfeito por causa da mancha do pecado no coração da humanidade.




Apesar de que todas as evidências apontam para o contrário, todo ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus – imago Dei. Ter a imagem de Deus não significa ser como Deus, conforme propôs a serpente aos primeiros habitantes da Terra. Ter sido criado à imagem de Deus significa que o ser humano tem capacidade de exercitar alguns atributos que pertencem a Deus, tais como o amor, bondade, compaixão, misericórdia, e assim por diante. O exercício desses atributos não pode ser perfeito por causa da mancha do pecado no coração da humanidade.

Nos tempos modernos temos presenciado um fenômeno estranho entre os evangélicos. Esse fenômeno tem duas vertentes. A primeira delas é a divinização do pastor ou do líder da igreja. Antes de outras considerações, voltemos no tempo por um pouco. No passado o pastor ocupava um lugar de destaque em sua igreja local, denominação e em sua cidade. Ele se ocupava principalmente em alimentar bem o seu rebanho, administrar a igreja, pregar, evangelizar e fazer visitas pastorais. O pastor era um sujeito pacato, trabalhador e cumpridor de suas obrigações. Não possuía grandes ambições, deixava que o conselho determinasse seu salário e morava na casa da igreja que servia também de ponto de apoio para os crentes que vinham ao centro da cidade. Era bem quisto por todos e gozava de respeito entre os seus concidadãos.

Com o passar dos tempos o pastor evoluiu (até para comprovar a teoria de Darwin, o que é uma ironia). A primeira evolução se deu quanto a sua auto-estima. Mudou a linguagem a seu respeito. O titulo de pastor ou reverendo ficou pequeno e já não cabia para nominar esse nobre filho de Deus. Outros títulos vieram e agora fazer parte do vocabulário do crente como se fosse à coisa mais comum do mundo: Apóstolo, primaz, bispo e bispa (sim até as mulheres foram agraciadas). Passou a ser referido como aquele que tem a autoridade, tem o cajado, o anjo da igreja, o ungido de Deus, o profeta de Deus, o mensageiro do Senhor e tantos outros.

Dessa auto-estima agora revigorada para uma opulência material foi apenas questão de tempo. Se nos idos da minha adolescência o pastor andava com seu Fusca, isso quando era pastor da igreja central, agora como filho do Rei ele não pode se contentar com menos do que uma BMW, uma Mercedes, ou outro carro que confira o status digno do cargo que ocupa. Com a auto-estima em alta, bens matérias fartos, o próximo passo foi o caudilhismo. Era inevitável. O pastor, antes aquele servo de todos, passa agora a ser senhor de todos (leia ou assista A Revolução dos Bichos). Ele manda e desmanda, dita ordens, impõe respeito com o seu cetro de ferro, diz quem pode namorar e com quem, quem vai casar e com quem, quando e onde. Autoriza viagens, decide qual casa o crente deve comprar, que carro dirigir, que escola colocar os filhos, com quais amizades deve romper.

O pastor assumiu o controle financeiro do seu crente, pede, ordena, exige que muito dinheiro seja dado na igreja justificando tudo em nome de Deus, do ministério, da evangelização, das almas que se perdem. Oferece em troca os favores divinos, as mansões celestes, o prazer terrenal, uma vida sem dores e sofrimentos. Aliás, isso é tudo o que um crente e qualquer outro ser humano desse tempo querem: uma vida cheia de vitórias, alegrias e triunfos, e, se possível, sem perdas ou sofrimento algum. Para Henri Nouwen, o cristianismo de nossos tempos procura desconectar-se completamente da realidade do sofrimento e da renúncia ou da vida abnegada. É um cristianismo que busca vitórias sem esforços. Almejamos, de acordo com Nouwen:

"Crescimento sem crise, cura sem dores, ressurreição sem cruz. Não é de admirar que gostemos de assistir a desfiles militares e de aplaudir heróis que retornam, operadores de milagres e recordistas. Também não é de admirar que nossas comunidades pareçam organizadas para manter o sofrimento à distância. As pessoas são sepultadas de maneira a disfarçar a morte com eufemismos e ornamentação rebuscada". (Transforma meu pranto em dança, p. 8).

Na visão de Nouwen, a maneira de Jesus é tão diferente. Ele não veio eliminar as dores, mas ajudar-nos a enfrentá-las com o realismo e a esperança que a vida nesse mundo requer, na perspectiva da graça e do amor de Deus, que padece junto com o sofrimento da humanidade. Isso está no Evangelho, não se trata de invencionice humana. Mas quem disse que o que é genuinamente do Evangelho atrai as pessoas de hoje, tão desejosas que estão de felicidade a qualquer preço? O pastor, sabendo bem disso, tem se transformado num contorcionista do "evangelho": torce, retorce, repuxa, e transforma a mensagem em algo mais bonito e aceitável, e ainda chama isso de "evangelho pleno". Mas "pleno" mesmo, só se for de fanfarronisse teológica ou de sinistrose diabólica.

O pastor divinizou-se, aceitou o oferecimento da serpente. Se o pastor é agora um ser divino, para que o seu "ministério" se realize ele não medirá esforços para demonizar o seu crente. O crente, há algumas décadas atrás, somente tinha olhos para a sua igreja, onde freqüentava com assiduidade a escola dominical, cultos, a reunião de oração da terça-feira à tarde e o culto da quarta-feira à noite. Havia ainda uns cultos evangelísticos nos lares, onde um presbítero ou diácono se encarregava de realizar os trabalhos.

Contudo, semelhantemente ao que ocorreu com o pastor, também o crente evoluiu. Deixou de ser aquela pessoa retrógrada, esquisita, que estava sempre evangelizando as vizinhas, que cumpria seus compromissos, que não comprava a prazo e, se comprasse, saldava suas prestações. Era respeitado como honesto, trabalhador e pessoa de fino trato. Hoje o nosso crente é urbano, acompanha a moda, é versado em BBB, novelas, não aporrinha os vizinhos com mensagens bíblicas e nem fica distribuindo Bíblias e folhetos. Tornou-se muito inteligente, pois prefere não somente o céu, mas também o melhor da Terra.

Apesar de tudo isso, os pastores e líderes divinizados fazem de tudo para demonizar o crente lembrando-lhe dos seus defeitos, mazelas e faltas. Lava o cérebro do crente martirizando-o quanto a sua falta de fé, oração débil, e compromisso financeiro sem coragem. Quanto mais demonizado é o crente, mais necessário se faz a presença de um líder divino. Muitos chamam esse tipo de violação de "abuso espiritual". Para Ken Blue, o "abuso espiritual acontece quando um líder investido de autoridade espiritual usa essa autoridade para coagir, controlar ou explorar um seguidor, causando-lhe ferimentos espirituais". ( Abuso Espiritual, p. 10).

E a grande arma do abuso espiritual e do autoritarismo pastoral é o "legalismo". Nossas igrejas estão cheias dele. É uma praga, uma peste que tem contaminado a muitos pastores e, como corolário, a seus crentes. O legalismo pode ser visto como "a expressão da compulsão de líderes na busca de segurança e previsibilidade. Pensam que se eles puderem fazer cumprir uma lista exaustiva de faça isso, não faça aquilo, conseguirão ter aquela segurança e previsibilidade pelas quais eles anseiam". ( Abuso Espiritual, p. 44). E, em muitos sentidos, têm conseguido. O crente parece não se importar em reter apenas a querela "vomitada" do púlpito de seu pastor (se é que poderia cair outra coisa), desde que esse alimento seja o suficiente para que se mantenha num estado de segurança existencial e dependência (demência) espiritual em que não tenha de decidir, sofrer nem tampouco pensar por si mesmo. Desse modo, o legalismo na igreja se retro-alimenta: o pastor necessita impor regras e fazer joguinhos espiritualóides com o crente a fim de manter-se no controle, e o crente precisa de um pastor que lhe diga exatamente o que, como e quando fazer, sempre é claro com o aval "espiritual" de que aquilo é bíblico (ainda que não seja, e muitas vezes não é) e representa a vontade de Deus.

Mas o legalismo não é algo novo, um produto desse tempo. No Novo Testamento vemos o quadro mais claro de quem eram seus conspícuos representantes: os fariseus, mestres da lei, escribas, e os judaizantes do tempo de Paulo. Não vejo Jesus sendo um pouco sequer indulgente com essa corja de "pastores". Pelo contrário, ele põe o dedo na ferida e aponta tremendas contradições existentes neles. Enquanto se apegam às suas tradições como carrapatos num cão, negam e subvertem o sentido da própria lei, que afirmam defender: "É bem isto, rejeitais o mandamento de Deus para guardar a vossa tradição... anulais a palavra de Deus com a tradição que vós transmitis" (Mc 7. 9, 13).

Isso me lembra Paulo quando escreve aos Gálatas, perplexo com a facilidade com que aqueles haviam se desviado da verdade do Evangelho, de sua vocação para a liberdade, para se render à escravidão da Lei, da justificação por esforço próprio. Ele diz: "De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na Lei; da graça decaístes" (Gl 5.4). E, contra os judaizantes, os líderes que faziam aqueles cristãos tropeçarem, ele dispara: "Tomara até que se mutilassem os que vos incitam à rebeldia" (Gl 5.12). Tanto como em Jesus, não vejo em Paulo a menor comiseração ao se referir a esses líderes-abusadores do rebanho. Jesus compara essa corja aquela a qual Isaías se referia dizendo: "Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim; é em vão que me prestam culto, pois as doutrinas que ensinam não passam de preceitos de homens" (Mc 7. 6-7).

Um dos objetivos do pastor deveria ser o de gerar filhos na fé bem nutridos, maduros, que pudessem caminhar com as próprias pernas, sem necessitar de cabresto ou leitinho "espiritual" na boca; de tal modo que, num futuro não muito longínquo, pudessem debater com seu pastor de igual pra igual, sem hierarquia, não só sobre bíblia e teologia como sobre a vida de modo geral. É o mestre sendo alcançado e até superado pelo discípulo. Quimérico? No mundo de hoje, sim, infelizmente. Armadilhas do sistema eclesiástico, como observa Eugene Peterson: "Enquanto que a comunidade míngua, a ansiedade por liderar cresce, mas é comum essa liderança destruir a comunidade, reduzindo as pessoas às funções que desempenham. Quanto mais "eficientes" nossos líderes se tornam, menos vida em comunidade nós temos". ( O pastor desnecessário, p. 189).

Logo, esse crente moderno sofre de inanição espiritual, tornando-se cada vez mais oco, cujo fim do abismo ainda está longe de ser encontrado. Por ser um tolo e ignorante do projeto de Deus para a sua vida, ele permite que um outro exerça o controle sobre sua vida ao ponto de cegar o seu entendimento. Perde a autocrítica e, como num passe de mágica, deixa de existir. Não pode rebelar-se contra os ensinos do pastor-deus. Tem medo de ser castigado e de perder as bênçãos. Finalmente, não aceitando a dignidade ofertada por Cristo, apanha com as mãos cheias aquilo que o Cristo rejeitou da serpente quando foi tentado no deserto, quem sabe focado na "restituição" prometida, riqueza e prosperidade material – aberrações dessa época.

Na percepção de Michel Quoist: "À força de desejar os bens materiais, de lutar para obtê-los, de tentar usufruir deles o homem acaba por cair progressivamente na incapacidade de imaginar para sua vida outra finalidade que não essa. E essa é a tragédia de seu destino". Esse autor ainda acrescenta: "A riqueza e o poder material não são males em si; o mal consiste em acreditar que são a condição da verdadeira grandeza". ( Construir o homem e o mundo, p. 68, 70).

É preciso tomar cuidado sempre e exercitar o bom senso, o discernimento espiritual. Segundo Quoist, existe uma beleza diabólica que seduz, aprisiona e desencadeia a guerra ( Construir o homem e o mundo, p. 112). O crente deve precaver-se desse tipo de beleza que muitas vezes é estampada no rosto falso dos profetas modernos. A Bíblia orienta muito sobre isso, mas parece-nos que a essa orientação não faz efeito e o crente não atenta para ela. Veja, por exemplo, que Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: "rejeita as fábulas profanas..." (1Tm 4.7). Ele ainda orienta seu discípulo "para advertir a alguns, que não ensinem outra doutrina" (1Tm 1.3). Existe, portanto, essa forte possibilidade de se ensinar algo que não tem nada com a Bíblia e com o Evangelho de Jesus Cristo. Mas se o problema se resumisse somente aos pregadores isso seria até fácil de ser consertado. Essa facilidade não existe porque, como dissemos, os crentes desejam e necessitam desse tipo de líderes. O mesmo Paulo escrevendo ainda a Timóteo diz: " Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2Tm 4.3-4).

Essa concupiscência a que se refere Paulo é epithymia, que significa "desejo por aquilo que é proibido" e esse comichão nos ouvidos literalmente significa o "desejo de ouvir coisas agradáveis". Ou seja, aqui se aplica aquele ditado popular: "juntou a fome com a vontade de comer". O crente que passa pelo processo de demonização não é inocente, como muitas vezes ouvimos por aí. Ele sabe o que está fazendo. Todo líder ou pastor divinizado sabe a respeito dessa necessidade que o populacho evangélico tem. Assim sendo, entregará aquilo que mais se busca. Mas, como ainda diz Quoist: "O verme que se acha dentro da fruta, mais dia menos dia fura a casca e a podridão se espalha do interior para o exterior". ( Construir o homem e o mundo, p. 112).

Todavia, para nós, o resultado mais grave dessa trama é o largo sorriso do Diabo. Sorri ele porque vê a igreja perdendo a sua essência, a essência missionária. Analise o movimento missionário brasileiro e veja a perda daquilo que foi conquistado a partir dos anos 1970. A igreja aceitou o desafio de enviar missionários, aceitou o desafio de transformar a sociedade, de viver a utopia do Reino de Deus. E hoje? Hoje a igreja é motivo de chacota e largos risos por parte da sociedade. Pouca gente tem coragem de acreditar nessa igreja que aí está.

Por isso, cremos que antes de orar por um avivamento é necessário reformar a igreja. Deus precisa levantar homens e mulheres que não se rendam a esse jogo sujo e medíocre chamado por muitos de "evangelho", pois não se trata do Evangelho de Cristo. E não sendo o Evangelho de Cristo, você não precisa (nem deve) se comprometer com ele e nem se acovardar em denunciá-lo.



* Os autores são professores da Faculdade Teológica Sul Americana (www.ftsa.edu.br)




Fonte: www.vidaacademica.net

25 de novembro de 2008

REDESCOBRINDO VALORES DA VERDADEIRA ADORAÇÃO!!!

REDESCOBERTAS PROVOCAM RECONQUISTAS!!!!


Redescobrindo valores da verdadeira Adoração!!!

Amigos quero convidá-los a que nestas poucas palavras, possamos analisar alguns pontos importantes a serem redescobertos em nossas vidas para que ai sim, possa ocorrer um genuíno avivamento;

Tendo sempre em memória que redescobertas provocam reconquistas, é aí onde o que se perdeu, é achado, e o que se foi, volta. (I Sam. 7:10-17).

É tempo de vivenciarmos a plenitude da ascenção espiritual em nossas vidas, para tanto, precisamos, atentar para alguns pontos, os quais chamo atenção para os abaixo citados:

1) REDESCOBRIR A SANTIDADE: esperemos que não ocorra em nossas vidas como o ocorrido de forma trágica, citado em I Sam. 6:20; Sede Santos porque eu sou Santo, Diz o Senhor!

2) REDESCOBRIR A ORAÇÃO: era e é o maior recurso usado para buscarmos a Deus. (I Sam. 7:2); Como dizemos a oração é a chave da vitória, nos leva a uma intimidade, um diálogo bem intimista com o Pai;

3) REDESCOBRIR A NECESSIDADE DA CONFISSÃO DE NOSSOS PECADOS: (I Sam. 7:6); Aquele que confessa e deixa alcançará misericórdia, abra seu coração, que não venhamos a carregar “pecadinhos de estimação”, pois nos impedirão de vermos o Pai;

4) REDESCOBRIR A NECESSIDADE DA CONVERSÃO: Nos livrarmos do mundanismo, materialismo, e aplicarmos os nossos corações ao Senhor tão somente ( I Sam. 7.4); que estejamos sempre separados, como luz a brilhar em meio a escuridão, sabendo que a nossa força geradora de energia é o Espiríto que se move em nós, por isso não há necessidade em trazermos apetrechos mundanos à nossa vida.

Que eu e vc querido amigo leitor, possamos, erguer um monumento, um marco em nossas vidas, após a análise e aplicação pessoal das observâncias acima, sob a direção divina e nomeá-lo também de Ebenézer e então após observarmos estes itens acima, citados como integrantes da redescoberta da ascenção espiritual em nossas vidas;

Tenhamos a certeza de que estas redescobertas em nossas vidas, produzirá amor, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gal. 5:22).

Como os Israelitas obtiveram vitória permanente sobre os Filisteus (“...pois eles, Filisteus, foram dominados e não voltaram a invadir o território israelita...”), recuperaram cidades, tomadas por eles e alcançaram um período de paz com outros inimigos (“...e houve paz também entre Israel e Amorreus ...”).

Por fim, o Senhor quer nos dar vitória permanente, restituir as perdas sofridas ao longo do caminho, de nossa peregrinação, e nos levar nesta jornada rumo ao descanso eterno, nos levar a uma ascenção espiritual em nossas vidas, então, pela fé, ergamos “ uma pedra de ajuda”, em nossas vidas, que sempre possamos levantar as vozes e clamar Ebenézer!!!!

Deus os abençoe.
Em Cristo,

William Pessôa

13 de novembro de 2008

Em tempos como estes, o que pregar?


Nestes dias sinto-me compelido a revisar novamente as verdades elementares do Evangelho. Em tempos de paz nós podemos nos sentir livres para fazer passeios em distritos interessantes da verdade, que ficam em lugares longínquos, mas agora temos que ficar em casa, e guardar os corações e os templos da igreja, defendendo os primeiros princípios da fé. Nesta era, têm surgido dentro da igreja homens que falam coisas perversas. Há muitos que nos perturbam com suas filosofias e “interpretações de romance”, pela quais eles negam as doutrinas que professam ensinarem, e minam a fé que prometeram guardar. É bem que alguns de nós, que sabemos o que cremos e que não temos nenhum significado secreto em nossas palavras, devamos apenas firmar nossos pés e manter nossa posição, segurando firmemente a Palavra de vida, e declarando nitidamente as verdades do Evangelho de Jesus Cristo.

- C. H. Spurgeon
(traduzido por Vinícius M. Pimentel)

REPENSANDO A AMIZADE

Amizade é um tema bem amplo e, muitas vezes, esquecido, sem muita reflexão de nossa parte. Como bem destacou C.S. Lewis, poucos poemas ou romances modernos celebram o amor encontrado na amizade. Talvez, o real motivo por trás dessa desvalorização da amizade seja o fato de que raros são aqueles que a experimentam realmente.

É comum nos encontrarmos, em momentos, refletindo sobre a dificuldade de achar bons amigos. Como gostaríamos de experimentar a amizade de Davi e Jônatas! Mas, como isso parece impossível! Raramente, pensamos que o problema se encontra em nós, geralmente, são os outros que "não estão à nossa altura". A grande verdade é que a Bíblia nos fornece exemplos diversos de amizade e mostra a possibilidade de desenvolvermos relacionamentos com profundidade e lealdade. Nem todos serão amigos íntimos, com quem rasgamos nossos corações, mas, certamente, há aquele "mais chegado do que um irmão".

Quando avaliamos o propósito e objetivo de uma amizade, não podemos deixar de fazê-lo a partir das Escrituras. Elas são as lentes pelas quais enxergamos a vida, pois somente elas nos conduzem à perfeição das ações que Deus requer de nós (2 Tm 3.16, 17).

Diante, disso, nosso propósito maior em tudo o que fazemos deve ser a glória de Deus (1 Co 10.31). Ao dar a Sua vida pelos seus amigos, Jesus estava promovendo a glória do Pai (Jo 15.12-13 com 17.1-4). A fim de atingir este propósito, a Bíblia nos orienta sobre alguns objetivos que devemos buscar com a amizade.

Em primeiro lugar, a amizade deve focar o aperfeiçoamento do caráter daqueles com quem compartilhamos momentos juntos (Pv 27.17). Tal aperfeiçoamento deve caminhar rumo ao caráter de Cristo (Rm 8.29). Isso requer de nós esforço impulsionado e experimentado pela esfera de vida no Espírito Santo (Rm 14.17-19). Contribuir para o crescimento espiritual de meu amigo e irmão em Cristo inclui tanto apontar erros que precisam ser corrigidos (Pv 27.5-6; Gl 6.1-2) quanto ser presente nos momentos difíceis (Pv 17.17).

Um segundo objetivo que devemos focar numa amizade é desenvolver o amor sacrificial pelos outros. A Bíblia diz que o solitário está em busca apenas de seus próprios interesses (Pv 18.1). Quando imitamos o amor sacrificial de Cristo por nós, tendo essa mesma atitude na direção de nossos irmãos, então, verdadeiramente se evidenciará que somos discípulos do Mestre (Jo 13.34-35). Nós amamos porque Deus nos amou primeiro (1 Jo 4.9-10, 19).

Este amor é visível em nós quando somos humildes na nossa atitude para com os outros, considerando os outros mais importantes que nós, focando nas necessidades do outro, antes que nas minhas (Fp 2.3-8). É perdoar nossos amigos quando estes falham conosco, evitando a difamação e amargura (Ef 4.31 – 5.2; Fp 4.2-3).

Tiago Abdalla

8 de novembro de 2008

CATÓLICOS = EVANGÉLICOS???

Católicos idolatram santos e imagens.

Evangélicos idolatram a si mesmos e suas igrejas.



Católicos tem ladainhas, quanto mais falam, mais poder acreditam mover.

Evangélicos tem o poder rhema, quanto mais falam, mais poder acreditam mover.



Católicos tem visões, geralmente de santos.

Evangélicos tem visões, geralmente de demônios.



Católicos tem as tradições dos pais, invenção dos lideres.

Evangélicos tem as profecias, invenção dos “profetas”.



Católicos querem uma experiência com Deus, e fazem uma promessa a “santa”

Evangélicos querem uma experiência com Deus, e chilreiam em linguajar bizarro (ou pedem para alguém “orar por eles”, e caem no chão, com alguém segurando atrás).



Católicos compram indulgências, as relíquias sagradas, benzidas por algum capelão.

Evangélicos compram bênçãos, objetos ungidos, abençoados por algum “pastor”.



Católicos acham que precisam ser boas pessoas para ir ao céu.

Evangélicos acham que precisam freqüentar a igreja e serem boas pessoas para ir ao céu. (Ou seja, não vá e esteja em pecado!!!)



Católicos tem água benta, para se benzer.

Evangélicos tem óleo ungido, para receber a benção.



Católicos tem confissionários/autoflagelação, para ficarem limpos espiritualmente

Evangélicos tem exorcísmo/libertação/descarrego, para ficarem limpos espiritualmente.



Católicos tem a reza do Pai-Nosso, para tentar falar com Deus

Evangélicos tem a “Oração Forte”, para tentar falar com Deus.



Conclusão:



Embora haja pluralidade de rituais e crenças, a perdição é a mesma. Muda-se apenas o sotaque.



99,9% dos assim chamados “evangélicos” estão tão perdidos quanto os católicos – ou talvez até mais - pois eles acreditam estarem vivendo numa “espiritualidade superior”, e não precisam mudar em nada, rejeitando com ainda mais o simples Evangelho de Jesus Cristo.



Vemos então, quão grande a necessidade de missões.



E qualquer Cristão temente a Deus, deve evitar qualquer identificação com os neo “evangélicos”, pois isso mata sua alma, e o afasta de Jesus.



Que Deus nos abençoe, a medida que nós o obedecemos.



por Christian Reichel

6 de novembro de 2008

A (NOSSA) FÁBRICA DE ÍDOLOS. ( IDOLATRIA DE "SANTOS" VIVOS é o que nos diferencia dos CATÓLICOS)

A (NOSSA) FÁBRICA DE ÍDOLOS.

Uma das causas da perseguição à igreja de Cristo no primeiro século, fora porque os “cristãos de recusavam terminantemente a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador romano”[1], mesmos estes sabendo que caso fosse oferecido incenso ao imperador, poderiam seguir uma segunda religião. Outro fator importante para que se desencadeasse uma perseguição à igreja cristã, fora a questão religiosa. Ou seja, a religião romana era extremamente idólatra, e seus templos eram abarrotados de ídolos para todos os lados. “A religião romana era mecânica e externa. Tinha seus altares, ídolos, sacerdotes, cânticos processionais, ritos e práticas que o povo podia ver”. A liturgia cristã era totalmente contrária à romana, ou seja, não existiam altares, ídolos, e sacerdotes. “Seu culto era espiritual e interno. Quando se punham de pé e oravam de olhos fechados, suas orações não eram dirigidas a nenhum objeto visível”. Esta atitude para as autoridades romanas, constituía-se em ateísmo.

Interessante é observar a situação da igreja evangélica brasileira atualmente. Não podemos nos considerar distintos dos romanos. Nossos cultos estão cada dia mais parecidos com os da liturgia religiosa pagã do império romano. Ou seja, é necessário que haja algo visível, como movimentos, curas, visões, revelações, para que o culto constitua-se definitivamente "culto". Os ídolos de mármore encontrados nos templos romanos, hoje são substituídos por ídolos de carne e osso. São os “apóstolos”, conferencistas, cantores, e cantoras que ocupam o lugar dos ídolos inertes romanos na liturgia cristã atual. Não há mais possibilidade de ocorrer um culto “aceitável”[2], sem que estes ídolos estejam incluídos. Sem eles, o culto torna-se "estapafúrdio", “frio”, e facilmente denominado como ateísta, pois obviamente que Deus não está neste ambiente, pois não há movimentos, não há "apóstolos", e não há milagres. Hoje é necessário a gruta dos milagres, a “unção” do óleo santo, a rosa ungida, a “unção” do riso, e as muralhas da vitória, para que o povo sinta (ou melhor, tentam sentir) a “presença” de Deus. Será que não conseguimos observar a trave que está atravessada, e que já feriu o bastante nossos olhos? Até quando iremos acolher estes homens, como ídolos em nossos templos, vendendo seus produtos ungidos pela avareza, soberba e libertinagem. Pastores que são cultuados como deuses, cantores que são adorados como divindades. A liturgia cristã (principalmente a pentecostal[3]) já não vive mais sem eles. Literalmente, temos uma fábrica de ídolos dentro de nossas igrejas, e o que tem alimentado esta degradação litúrgica religiosa cristã, são os próprios cristãos. São deles que procede o poder econômico sustentável destes ídolos. São os cristãos que patrocinam a idolatria dentro de nossas igrejas.

Nós evangélicos que reprovamos a atitude idólatra por parte de muitas religiões, por causa de nossa prepotência espiritual, não estamos observando a linha de produção de ídolos que já fazem parte do nosso cenário eclesiástico. Ou, será que estamos tão dependentes e viciados em conviver com estes ídolos e seus “dons”, que já não nos imaginamos viver sem eles? Enquanto houver esta mão de obra, a fábrica nunca será fechada.

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[1] CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 75.
[2] Quando menciono aceitável, refiro-me antropologicamente. Ou seja, aceitável aos homens.
[3] Sou cristão pentecostal, e com conhecimento de causa

fonte: http://pericopecc.blogspot.com/ (victor Hugo)

REFORMA É CARISMA

Sonho com uma igreja reformada e carismática. O que isso significa? Basicamente duas coisas:

1) Uma igreja que defende a supremacia e a inerrância bíblicas. (Reforma) O liberalismo (a crença de que a Bíblia contém a Palavra de Deus), a neo-ortodoxia (a crença de que a Bíblia se torna a Palavra de Deus) e os abusos do movimento pentecostal e neopentecostal (profecias e "apóstolos" no mesmo nível ou acima da Escritura) são ameaças bem reais às igrejas cristãs. As conseqüências destes movimentos são claras: a Bíblia deixa de ser um livro confiável e acaba perdendo a sua posição de autoridade máxima. No lugar, entra a razão, as profecias, a opinião do clero ou os esquemas teológicos oficiais das igrejas (tradição). Isso tem que acabar. A Bíblia precisa ser reafirmada como o tribunal supremo dos cristãos, estando acima de novidades teológicas, da cultura, de tradições e até mesmo dos concílios, credos e confissões de fé. Para isso, é preciso que a doutrina da inerrância bíblica seja exigida de todos os pastores e oficiais das igrejas. O pastor ou oficial que não crê na inerrância da Palavra de Deus não pode permanecer na liderança das igrejas. A razão é simples: se a Bíblia é falha, ela não pode ser a nossa fonte última de autoridade. E, se é assim, Lutero estava erradíssimo em deixar a Igreja Católica.

2) Uma igreja que leve a sério o uso dos dons do Espírito Santo. (Carisma) Basta uma lida rápida em 1 Coríntios 12-14, Efésios e Romanos 12, para perceber que uma compreensão correta dos dons espirituais é essencial para saber como as igrejas devem agir nos dias de hoje. É um erro que um assunto tão importante mal seja estudado nas igrejas históricas. Como também é absurdo que se estudem apenas dons "sobrenaturais" em algumas igrejas pentecostais e neopentecostais. Os protestantes históricos erram por ignorar dons "sobrenaturais" e não estudarem este assunto de modo sério e profundo com a membresia. Por outro lado, os pentecostais e neopentecostais erram quando pensam que dons se resumem a profecia, línguas, interpretação, curas e milagres.

Na verdade, o ponto 2 é um desdobramento do ponto 1. Sou carismático por entender que este é o ensino bíblico. Muitas vezes o carismatismo não é aceito porque ele não se encaixa em um esquema "racional" de explicação bíblica. Logo, "Carisma" é conseqüência de "Reforma".

Todas as outras questões podem ser resolvidas com esses pontos. Forma de culto, costumes, questões bioéticas...se a Bíblia ocupar o lugar que lhe é devido, tudo isso pode ser resolvido.

por Helder Nozima

5 de novembro de 2008

A ORAÇÃO E A PALAVRA, ALAVANCAS PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA

Rev. Hernandes Dias Lopes


A igreja é um organismo vivo e não apenas uma organização. Seu crescimento é natural e não resultado de técnicas de comunicação. Seu crescimento saudável vem através da conversão e não da adesão. Seu crescimento espiritual desemboca no crescimento numérico e este deve espelhar seu crescimento espiritual.

Na busca do crescimento da igreja, não podemos nos capitular à numerolatria, a idolatração dos números nem à numerofobia, o medo dos números. Uma igreja saudável cresce o crescimento que vem de Deus, e isso tanto numérica quanto espiritualmente.

Não devemos nos abastecer das fontes do pragmatismo moderno se queremos estudar sobre o crescimento da igreja, antes, devemos nos debruçar sobre o Livro de Atos, o verdadeiro manual do Espírito Santo, a orientar a igreja contemporânea na busca desse crescimento saudável.

O crescimento da igreja passa pela oração e pelo ministério da Palavra. Os tempos mudaram, mas o método de Deus não. Os apóstolos entenderam essa verdade incontroversa e firmaram essa estacada, definindo a prioridade que dariam a esses dois elementos cruciais: Oração e Palavra (At 6.4).

1. A prioridade da oração no crescimento da igreja – O crescimento da igreja é uma obra de Deus. Plantamos e regamos, mas só Deus dá o crescimento. Pregamos e evangelizamos, mas só Deus pode abrir o coração. Ensinamos e exortamos, mas só o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Mesmo que usássemos todas as técnicas modernas e todos os recursos da terra, jamais poderíamos converter sequer uma alma. O novo nascimento é uma operação sobrenatural e exclusiva do Espírito Santo. Por isso, somente Deus pode agregar à igreja os que são salvos. Sendo assim, precisamos depender mais dos recursos de Deus do que dos nossos recursos. O poder para realizar a obra de Deus não vem da nossa inteligência, ou dos nossos recursos financeiros, nem mesmo das nossas habilidades pessoais, mas de Deus. É ele quem escolhe, regenera, chama, justifica e glorifica. A salvação é obra de Deus do começo ao fim. Sabendo disso, a igreja contemporânea deveria orar com mais fervor e com mais intensidade, como o fez a igreja primitiva. O crescimento numérico da igreja primitiva retrata sua vida exuberante de oração. A igreja orava e os resultados apareciam. Os joelhos se dobravam em oração e os corações se derretiam na presença de Deus em sincera conversão.

2. A supremacia da Palavra no crescimento da igreja – Na medida em que a Palavra de Deus crescia e prevalecia, a igreja primitiva se multiplicava. Hoje podemos até experimentar um crescimento numérico da igreja sem a supremacia da Palavra, mas não um crescimento saudável. A igreja do Pentecostes começou com a Palavra. No dia de Pentecostes Pedro pregou um sermão Cristocêntrico e cerca de três mil pessoas foram convertidas. Todo registro de crescimento da igreja primitiva no livro de Atos está diretamente ligado à proclamação da Palavra de Deus. É mediante a pregação que Deus chama os seus escolhidos. A fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Cristo. Deus escolheu salvar o homem pela loucura da pregação. A igreja cresce na medida em que a Palavra de Deus cresce. Não podemos produzir o crescimento saudável da igreja, mas podemos proclamar a Palavra de Deus com fidelidade e no poder do Espírito Santo, sabendo que a Palavra que sai da sua boca nunca voltará para ele vazia.

Quando a igreja se voltar para Deus por intermédio da oração fervorosa e se voltar para o mundo para proclamar com poder sua Palavra, então, essa igreja experimentará um crescimento extraordinário, pois Deus honra a oração e a Palavra, alavancas do crescimento de sua igreja.

Pastor: “O Ungido” do Senhor ou não?


Quando o assunto é pastor há uma unanimidade quase insana da parte da massa evangélica ignora, de que o pastor é “o ungido do Senhor” e que sob nenhuma circunstância deve-se questionar a sua autoridade .Mas o que é unção?

No Velho Testamento a unção era um ato específico dado por Deus a uma pessoa escolhida para a execução de uma determinada missão, e podia ser retirada a qualquer momento, assim como foi com Saul, quando o Espírito de Deus afastou-se dele, e sobre ele veio um espírito maligno. 1 Sm. 16:14 “Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava.” Em Is. 45:1 está escrito: “Assim diz o SENHOR ao seu Ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão”.A unção era dada a quem era e a quem não era servo de Deus, conforme vimos no texto de Isaias. Deus ungia quem bem queria para que sua vontade fosse realizada e a história da salvação seguisse seu curso normal. Ciro era um rei pagão e nunca adorou ao Senhor. Entretanto foi ungido por Deus para libertar o povo de Israel para voltarem para sua terra.

Ungir, segundo o Dicionário da Bíblia de Almeida, é: “Pôr azeite na cabeça de uma pessoa. Profetas foram ungidos{#1Rs 19.16},”Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar.” Sacerdotes também o foram {#Êx 30.30}”Também ungirás a Arão e seus filhos, e os santificarás para me administrarem o sacerdócio.” E reis também tiveram o óleo derramado sobre suas cabeças para serem ungidos {#1Sm 16.1-13}”ENTÃO disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.(1)… (13)Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.”

Eram ungidos portanto quem Deus bem queria e entendia.

Tanto “o Cristo” (grego) como “o Messias” (hebraico) querem dizer “o Ungido”, um dos títulos de Jesus, a quem Deus escolheu para ser o Salvador da humanidade {#Jo 1.41;}” Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). {At 4.26-27}.”Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel;” O Ungido do Senhor não é outro, senão Jesus Cristo o filho de Deus.

O Dicionário da Bíblia de Jonh Davis reafirma que as palavras Messias e Cristo significam “o ungido”.No texto de Lucas 4:18 assim está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos.”

O texto em epígrafe não se aplica ao pastor e sim exclusivamente a Jesus Cristo conforme citação do Novo Dicionário de teologia do Novo Testamento, vol. IV, pg. 677 onde se lê: “Em passagens como Is 61:1″ O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; ” e Ez 16:9, “Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo,” a unção deve ser entendida metaforicamente, sendo que, em Israel, a unção ritual era apenas disponível para reis e sacerdotes. Is 61:1 deve ser entendido como autoridade. No NovoTestamento (Lc 4:18) este texto é aplicado a Jesus: Ele foi o ungido por Deus para ser o profeta prometido.”

Atos 4:26 “Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido;”Comentando este versículo, I. Howard Marshall em seu comentário ao livro de Atos p104, afirma que,”O emprego do termo ungido (i.é Messias) tornou inescapável à aplicação a Jesus”.

Então como fica o pastor nesta história?

A unção de Deus é universal, ou seja, recai sobre todos.

Em I João 2:20 lemos:” E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento.” No versículo 27 assim escreve o apóstolo:” Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou.” O texto é mais do que explícito. Todos somos ungidos e todos nós somos sacerdotes do Senhor conforme está escrito na 1 de Pedro 2:5 “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” No verso :9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”

Portanto, Pastor, Bispo, Presbítero e etc, não é unção com a conotação dada pelos reverendíssimos e, sim, dom do Espírito Santo de Deus. É comissionamento, é chamado.

Diante do exposto, não vejo onde está esta unção especial defendida e requerida pela maioria dos pastores, principalmente os da linha pentecostal e neopentecostal.

Na carta escrita aos Efésios 4:11 o apóstolo Paulo diz que “ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.”
Notaram no início do versículo o “ele mesmo concedeu”? Em Mateus 22:29, Jesus diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.” e ainda em Marcos 12:24 “Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?”

Defender portanto esta doutrina esdrúxula de que o pastor é o ungido do Senhor, e que é um ser inatacável, e intocável é induzir o irmão ao erro. Não defendo aqui a desobediência ou rebeldia contra o pastor. Não é esse o objetivo deste artigo, mas sim o de demonstrar que nós os cristãos devemos seguir o exemplo dos crentes de Beréia que conferiam se tudo que lhes estava sendo ensinado, se coadunava com os ensinos bíblicos.

A palavra de Deus nos ensina que qualquer um que comete erro é digno de repreensão. Paulo em sua carta aos Gálatas no capítulo 2:11-14 repreendeu a Pedro publicamente por estar se portando de maneira errada.”E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” O ensino bíblico coloca a todos em pé de igualdade. Ninguém é superior a ninguém. Jesus ensinou que aquele que quisesse ser o maior, fosse o menor.Não permitamos que teologias canhestras venham minar o nosso relacionamento com Deus, a igreja e nossos irmãos.

Todo pastor que anda consoante os ensinos neotestamentário é digno de honra bem como qualquer membro comum da igreja. Todos são dignos de honra. O membro não pode nem deve se colocar contra o pastor por discordar de algum pensamento seu, pois o pensar é livre e direito de todos. De igual modo o pastor não pode e nem deve perseguir o membro de sua congregação, chegando às vezes a expulsa-lo por discordar de um pensamento seu. Somos livres para tomar nossas decisões e libertos por Jesus para sermos realmente livres com o conhecimento da verdade.”E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”(Jo 8:32)

Há que se ter bom senso, tolerância e acima de tudo amor uns com os outros.Em sua primeira carta aos Coríntios o apóstolo Paulo afirma:”AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.” O amor é a solução para toda sorte de problemas que enfrentamos nas nossas igrejas. O apóstolo Paulo em sua I carta aos Coríntios 13:13 diz:” Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” Recomendo a leitura de todo o capítulo 13 desta carta com o firme desejo de que essa leitura surta efeito na vida de , todos nós.
Certamente que este assunto não se esgota nestas poucas linhas, mas com certeza servirá para trazer um pouco de luz sobre o assunto. Assim espero!

E Deus me ajude que eu não seja excomungado pelo que escrevi!

Shalom Adonai
Jesser Medeiros
jessermedeiros@yahoo.com.br

FONTE: http://jessermedeiros.multiply.com/journal/item/28/28

O paradigma do ministério pastoral

O ministério pastoral pressupõe chamamento, vocação, preparo – é preciso que o obreiro seja provado e aprovado para Cristo e por meio dele

Um pastor de uma importante denominação evangélica fora “demitido” de sua igreja, sob a alegação de que não conseguira atingir a meta financeira anual. Ele pensava em ingressar na Justiça do Trabalho exigindo seus direitos, porque julgava-se prejudicado pela denominação. Casos assim repetem-se em todos os cantos. Que caminhos conduziram parte da comunidade evangélica a uma vivência ministerial mercantilista da fé cristã? Existe um suporte ideológico que possa legitimar essas práticas? A resposta não é fácil, mas podemos conjecturar alguns pressuspostos.

O pragmatismo surgiu nos Estados Unidos através de seu maior divulgador e um de seus maiores mentores, Wiliam James. A princípio, o movimento influenciou o comercio e a indústria; passou depois às instituições de ensino, e por fim atingiu a teologia. Sociologicamente, ele aparece em meio a transformações culturais e industriais. Em princípio do século 19 e no início 20, a sociedade americana encontrava-se num crescente êxodo rural. O processo de urbanização transformou uma economia agrária em industrial. O pragmatismo caiu como uma luva neste novo ambiente, que exigia uma nova forma de ver e fazer as coisas. O resultado é que passou a ditar a nova ótica de uma sociedade ávida por realização.

Até então, a vida, a natureza e a práxis teológica estavam centradas nos fundamentos ortodoxos doutrinários. A preocupação básica era com a filosofia teológica: seus fundamentos, sua hermêneutica, seus dilemas, seus paradoxos, sua base – se era bíblica ou não – etc. No Brasil, as instituições teológicas receberam a influência de missionários e pensadores europeus e americanos. Eles trouxeram a sua bagagem cultural e pregaram-na como um “absoluto teológico”, sem o discernimento e a devida compreensão do que estava a ser ministrado às igrejas e instituições teológicas, que, por sua vez, adotaram-na como uma verdade inquestionável. Afinal, questionar não faz parte da maioria do vocabulário evangélico brasileiro; o pensamento crítico soa como um subversão, rebeldia ou coisa do gênero.

Sou de certa forma nostálgico com a vivência pastoral dos pioneiros evangélicos que desbravaram esse imenso país: eram homens de caráter sério, de vida de oração constante, de piedade exemplar, de modéstia e simplicidade evidentes. Quando lemos as histórias dos pioneiros das várias denominações, é impossível não nos sentirmos desafiados a uma vida mais santa. Contudo, a tônica da liderança atual está centrada no que se pode denominar de teologia de mercado, ou seja, seus resultados. Não importam os meios; o que é fundamental é o número de pessoas que enchem os templos. Nesse frenesi por resultados, pouco importa a moral dos fiéis; é por essa razão que ser evangélico já não causa mais impacto na sociedade: pastores divorciam-se e continuam no ministério, escândalos financeiros já não escandalizam ninguém, evangélicas já posam em revistas masculinas.

Igrejas há que não questionam seus candidatos a cargoss eletivos acerca de sua prática devocional, integridade pessoal e familiar, idoneidade como cidadão e outros aspectos que eram valorizados noutros tempos. O talento suplantou a obediência e a santidade; já não se avalia um clérigo pelo que ele é, e sim pelo que realiza. O fruto disso está aí: líderes bem sucedidos numericamente, porém derrotados em sua vivência pessoal, cheios de síndromes megalomaníacas.

A América Latina é pródiga em suscitar líderes com caráter feudal. E esta cultura se reflete em muitas denominações evangélicas. O autoritarismo é reproduzido nos sistemas eclesiásticos, surgindo figuras os “ungidos”, os “apóstolos” ou os homens “da visão de Deus”. Some-se a isso a pobreza teológica de muitos segmentos e teremos lideranças pífias, pastores que não sabem fazer uma exegese do texto sagrado, são incapazes de ministrar mensagens expositivas – geralmente, pregam-se mensagens tópicas, que são mais fáceis de elaborar e não exigem trabalho metódico de estudo, pesquisa, análise e reflexão.

Um povo evangélico sem cultura teológica é um povo facilmente influenciado, manipulado e dominado. E quais são as evidências de um líder evangélico feudal? Há alguns indícios exteriores que ajudam a perceber o comportamento da maioria deles. Liderança absoluta, por exemplo – este tipo de dirigente não abre mão de possuir todo o controle. Ele também age como detentor do poder absoluto, não permitindo questionamento. Além disso, o líder feudal vê nos membros da igreja pessoas que devem servi-lo, e não o contrário; por fim, há um sinal muito evidente que demonstra o clímax desse feudalismo religioso: a liderança da igreja é exercida num sistema de sucessão familiar, com perpetuação de uma dinastia personificada na família do líder. É interessante observar que até mesmo denominações históricas têm se vergado a esse tipo de liderança, geralmente exercido por pessoas muito carismáticas.

Por outro lado, hoje em dia, o pastor já não é avaliado pela natureza do seu chamado, pelo que ele é como cristão e servo de Deus. Pouco importa para algumas igrejas o que as Escrituras têm a dizer sobre o ministério pastoral. Importa o que ele pode produzir em termos de crescimento numérico. Mas em nenhum lugar da Palavra de Deus encontramos textos associando o crescimento da igreja em termos de números ao caráter do obreiro. Paulo disse que o crescimento da obra vem do Senhor. Afinal, o novo nascimento é uma experiência transcendente, puramente espiritual, que não pode ser mensurada por avaliação humana; somente o Pai Celeste sabe os que são seus e que o servem de coração.

A centralidade da mensagem cristã precisa voltar-se para Cristo. Em alguns círculos evangélicos, a mensagem é antropocêntrica, voltada para os desejos da natureza humana; em outras comunidades, destacam-se os paradigmas de natureza filosófica. Isaltino Coelho diz que há pastores que conhecem mais a respeito de Nietzsche e Platão do que a respeito de Jesus Cristo. A mensagem que pregamos é esta: “Jesus Cristo crucificado”, conforme disse Paulo. O ministério pastoral pressupõe chamamento, vocação, preparo – é preciso que o obreiro seja provado e aprovado para Cristo e por meio dele.

Um ministro tem uma ferramenta de trabalho, a Bíblia; o que o bisturi é para o médico, são as Escrituras para o pastor. E ele deve fazer conforme a recomendação do apóstolo: “Pregar a Palavra”, e somente a Palavra.

Josenaldo Silva
Lisboa, Portugal
Publicado na Revista Eclésia Edição Outubro de 2008

Saúde e Adoecimento no Pastorado

Meu propósito ao abordar o tema “O pastor e seu relacionamento com a igreja local” é trazer um apanhado, fruto de minha própria observação e experiência, de alguns aspectos da face problemática desta relação, bem como de seus sinais e sintomas de adoecimento. Com isto, não excluo o fato de que tal relação pastor-igreja/igreja-pastor também pode ser marcada, pejada e encharcada de saúde, como convém a uma comunidade cristã terapêutica.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos coloca em “pacotes” teológicos, impondo-nos uma linguagem que não faz parte de nossa história, o que acaba por descaracterizar nossa formação, convicção e experiência.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando impomos nossas inflexíveis formas de pensar, de teologizar, sem levar em conta as histórias vividas e as necessidades sentidas por ela.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando exige de nós qualidade, conteúdo e continuidade, mas não investe na mesma proporção em nossa reciclagem, crescimento pessoal e atualização ministerial.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando não nos gastamos em oração, em sondar o coração de Deus e em discernir a concreta realidade que certa a nós mesmos e ao nosso povo, cometendo o crasso erro (pecado) de pregar sem convicção, sem vida, sem entendimento, sem consistência, sem reveleção e sem “fogo” profético no coração e nos lábios.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando não nos proporciona tempo para estarmos aos pés de genuínos discipuladores, quando não nos encoraja a aprender de “homens (sic) de Deus” e a refletir criticamente com eles.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando nos recusamos a aprender, quando deixamos de ser ensináveis em nossas dimensões de fé, experiência, missão e vida, e, conseqüentemente, aceitamos o engano de achar que, por medida de economia de tempo e dinheiro, nos é suficiente ser auto-didatas.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos transforma num “bagaço” humano: nos suga, nos mastiga e pede sempre mais, como se fôssemos fonte inesgotável de palavra, de bênção, de serviço e de bem-estar.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando não temos a coragem de, por exemplo, num daqueles domingos, dizermos: “Irmãos, estou sem mensagem e sem palavras. Dentre todos aqui hoje, eu e minha família somos os mais carentes! Se pudesse nem subiria a este púlpito”.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos vê, nos exerga, nos concebe e nos aborda como se fôssemos pessoas sempre dispostas e obrigatoriamente prontas – vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana –, disponíveis, desocupadas, descansadas, emocional e espiritualmente estáveis, a despeito, às vezes, da nossa exaustão, dos nossos conflitos e confrontos do viver.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando, ainda que tacitamente, vendemos a imagem de que não temos qualquer tipo de problema, que nunca tivemos sequer um doloroso atrito com a esposa, que em nenhum momento nos tornamos impacientes com nossos filhos e que jamais tivemos qualquer rusga com a sogra, já que somos “Super-Homens” com um super-coração ininterruptamente incendiado pelo Espírito, com uma super-saúde de aço, com uma super-mente de ouro, e que não fazemos parte do mundo dos pobre-mortais membros da igreja, ou que transcendemos a toda e qualquer agrura da vida.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando, na pratica, não percebe que somos gente, e não anjos. Sim, gente que existe, que têm corpo, que têm emoções e que, portanto, possui fraquezas, que têm dia-a-dia, que também têm sangue correndo nas veias, que também têm sexo, que também é tentado, que também têm prisão de ventre, que também têm hora (ou deve ter!) para desjejum, almoço e jantar, para lazer, enfim… gente que tem direito a todo o sentido lúdico da vida.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando inspiramos ou pregamos uma mensagem triunfalista, pretenciosa; quando não admitimos em nosso discurso e prática que também sentimos tédio, que fracassamos, que nos decepcionamos e nos desiludimos.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos desumaniza, não compartilhando de nossos sonhos e nos castrando em nossas perspectivas e possibilidades pessoais.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER na medida em que não expomos de maneira sábia, graciosa e desamargurada, os nossos desejos na vida.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos ama, nos quer e nos valoriza não pelo que somos, mas pelo que fazemos ou deixamos de fazer, pelo que realizamos ou deixamos de realizar.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando nos consideramos – ou permitimos que ela nos considere – indispensáveis, insubstituíveis, essenciais para aquela obra ou projeto.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando não pede um pastor, mas um “kit-pastoral” que inclua esposa e filhos perfeitos, excepcionalmente dotados e invariavelmente ativos.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando nos negamos a mudar, através do nosso discurso e prática, os paradigmas de modelos pastorais que exigem e requerem o que está além ou aquém do que a família do pastor pode e deve oferecer com seus dons e ministérios.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando não suporta a longevidade pastoral, caindo sempre no ciclo vicioso de mudança pastoral a cada quatro ou cinco anos – quando não menos! – intervindo e interrompendo a oportunidade de levarmos adiante os projetos de vida enquanto família, obrigando-nos a recomeçar tudo de novo a cada nomeação, a cada transferência.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando cometemos a leviandade de encarar ou interpretar mal o princípio metodista da itinerância pastoral, passando a “pipocar” de igreja em igreja.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando requer – sutilmente, mas insistentemente – que reproduzamos no púlpito as teologias-neuróticas-efervecentes do característico surfismo evangélico brasileiro, fazendo-nos “arrotar” abordagens que nada tem a ver com nossa tradição histórica wesleyana, que não passam de “disneylândias espirituais” que não produzem fruto concreto nem para esta realidade concreta de vida, nem para o Reino de justiça e paz, solidariedade e reconciliação.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando usamos o púlpito como arma que fere mortalmente, que neurotiza ou esquisofreniza, e não como bálsamo que cura, que liberta, que encoraja, que constrói e edifica.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando nos enclausura em seus limites e fronteiras, gerando nosso isolamento, nossa solidão e ilhamento.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando vivemos mais fora do que dentro dela, física ou afetivamente, gerando a crise da ausência pastoral, facilitando sua morte por inanição.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando insiste em nos ver como a “ambulante-densidade-convergente” de todos os ministérios presentes na congregação, do tipo “pastor 1001 utilidades” e “pau pra toda obra”.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER na medida em que, em nossa prática pastoral, vamos para todos os lados e, desta forma, acabamos por ir para lado nenhum.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando espera que desenvolvamos tarefas para as quias não fomos chamados por Deus, nem fomos por Ele capacitados.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER – ou mesmo a matamos! – quando, tendo preguiça de implantar, instruir, treinar e encorajar os membros para o exercício dos seus dons e ministérios com base no “sacerdócio universal de todos os crentes”, preferimos “deixar como está, pra ver como é que fica”; preferimos um pastorado de manutenção, do que a excelência do serviço e do avanço pessoal e comunitário.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER ao nos considersar, quando lhe convém, como empregados, funcionários; ou, quando lhe convém, como autônomos, prestadores de serviço; ou ainda, quando lhe convém, como “anjos enviados de Deus”, uma “estranha estirpe de audazes”.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER ao não darmos continuidade, por puro capricho pessoal, ao seu Projeto de Igreja e Plano de Ação, porque foram pensados, elaborados e implementados no pastorado anterior, sob a lideraça do colega que nos antecedeu.

A IGREJA LOCAL NOS FAZ ADOECER quando constrói a falsa expectativa de que vamos matar um tigre a cada domingo, que vamos “arrebentar a boca do balão” à cada pregação, reunião de oração ou vigília.

FAZEMOS A IGREJA LOCAL ADOECER quando queremos fazer dela o nosso “reinozinho particular”, encastelando-nos em cômoda e pretenciosa postura de reis, tendo uma atitude do tipo “toda glória seja dada a mim!”
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*Reproduzí aqui, por solicitação de amigos e colegas que, mesmo após 13 longos anos, ainda se recordam e ainda pedem cópia deste meu texto, a apresentação que fiz num painel do Encontro Nacional de Pastores e Pastoras Metodistas, ocorrido em 1992 no SESC de Bertioga, SP, sob o tema “O(a) pastor(a) numa Igreja de Dons e Ministérios”. Naquele encontro fiquei responsável pelo tópico “Adoecimentos no relacionamento pastor-igreja local”, e me foram dados apenas 10 minutos para a apresentação. Tive que sistematizá-lo ao máximo tal como aparece acima.

É preciso levar em conta que o conteúdo daquela minha fala foi formatado dentro de um contexto muito específico e marcante da minha vida pessoal e prática ministerial. Foi numa época em que estava completando meus primeiros 10 anos de ministério e vivia uma intensa auto-avaliação crítica do meu próprio chamado e vocação, além de estar lutando com o câncer — um Linfoma Não-Hodgkins — e experimentando um enorme desapontamento no campo das relações ministeriais. Tudo isso, conquanto difícil, acabou por gerar quadros criativos de novas compreensões da vida e momentos importantes de decisão crucial no que tange à minha vocação e caminhada ministerial.

Ao tornar público um texto elaborado há tanto tempo e num contexto tão diferente, faço-o sem a intensão de infundir sentimentos de desesperança em quem quer que seja. Meu intuito primário aqui é prover o texto aos que seguem pedindo uma cópia e, eventualmente, ajudar os colegas mais novos no entendimento daquilo que pode se tornar problemático nesta relação. O texto foi publicado aqui com algumas correções gramaticais e com pouquíssimas adaptações em relação ao original, para não mascarar o momento e o sentimento de então.

Copyright © 2006 Luís Wesley de Souza

http://luiswesley.blogspot.com/2006/10/sade-e-adoecimento-no-pastorado.html

Sou um Pastor Desviado

Descobri que sou um pastor desvido, e para piorar sou um desviado assumido.

Não gosto de títulos, aliás acho engraçado a “briga” para ver qual denominação tem o “maior” título, antes era apenas pastor, dai ficou simples, sem graça, e “subiram” para bispo, mas hoje já existem muitos bispos, com isso ressussitarm os “apostolos”, agora já está surgindo o “pai-postolo” (esse deve ser chique mesmo…rsrs), e creio que o próximo será “semi deus”, pois é isso que eles pensam, são “deuses” entre simples mortais. Jesus, “coitado” era apenas um bom pastor (João 10:11).

Além de não querer nenhum desses (o dia que me virem com um desses nomes, por favor me internem, será sinal de loucura total), nao gosto nem mesmo de pastor, pois aprendi que título nunca fez nínguem ser, o fato de sermos é que nos faz alguém, sendo um pastor, não preciso que me chamem pelo títulos, pois as pessoas verão isso, acho hilárico quando alguns pastores exigem que sejam chamados de pastor ou reverendo “fulano de tal”, penso por que será esse desejo, talvez seja a única coisa que a pessoa “conquistou” em sua vida. Na verdade nem missionário eu gosto muito, pois creio que TODOS somos missionários, temos que ser, o “ide” é para todos, a diferença, é que eu escolhi ficar em tempo integral e ir em um outro povo falar da graça salvadora de Deus, não é porque todo o meu tempo é focado para isso que sou mais missionário ou mais santo que outra pessoa, pois é, portanto podem me chamar apenas de Fábio.

Terno?? To fora, também não entendo porque o Brasil, um país tropical precisa usar terno. Reverencia, respeito?? Vamos falar sério, que desculpinha, hein….. Deus quer reverencia, respeito em nossos corações, alias, não entendo como preguei cerca de 3 anos na minha igreja de terno…, alias entendo, pura vaidade, eu gostava, mas sabendo que o culto que Deus mais se agradava é aquele que o nome dEle é honrado, as pessoas mudavam a vida, vi a necessidade de me aproximar mais das pessoas, mostrar que eu era igual a eles, finalmente aposentei o terno.

Sou um pastor desviado até nas visitas, em 7 anos pastoreando foram poucas vezes que sentei em uma casa, chamei todos li a bíblia, expliquei o texto orei e fui embora, geralmente conversávamos de tudo, em muitas conversas citando a bíblia sim, muitas risadas, ou conversas sérias, as vezes com um gostoso pedaço de bolo até mesmo churrasco, geralmente antes de ir embora orava agradecendo, embora nem sempre, com certeza tenho ótimas lembranças de muitas destas visitas, e sei que foram visitas abençoadas.

Se eu ficasse apenas nos “usos e costumes” eu seria “meio” desviado, mas teologicamente sou completamente desviado.

Não creio que pastor, bispo ou qualquer outro título HUMANO, deixa alguem em nível superior, não sou “super homem” “super crente”, não estou em nenhum patamar mais elevado do que aquela pessoa que toma dois onibus, senta no último banco e não abre a boca. Sou igual a todos, sujeitos a mesmas falhas, totalmente dependendo da graça e misericórdia de Deus em minha vida, sou humano, graças a Deus, falho graças a Adão e a mim, e resgatado graças a Jesus.

Sou pastor desvidado, porque não prego teologia da prosperidade, não vivo a moda da unção (riso, animais, cair, levantar, vomitar e por ai vai…), não barganho o evangelho para ganhar almas, como também não dou desculpas criticando tais igrejas para justificar fracasso ministerial (algo que vejo muito no meio tradicional), creio sim, que Deus cura, restaura, renova, creio em milagres, pois o maior milagre já é a salvação, mas creio que o Deus das bênçãos é bem maior do que as bênçãos de Deus.

Sou pastor desviado porque não vejo pessoas como cliente onde tenho que oferecer a melhor “oferta” para não perde-lo para a concorrência (hoje em dia existem igrejas que até prometem emagrecer durante o culto, dizimo a vista 8% e ai vai as barbaridades em nome de Deus). Também não vejo pessoas como doentes, em que como pastor devo apenas cuidar, dar a “manutenção” para assim ir tocando a igreja. Vejo pessoas como humanos que carecem da graça de Deus, onde tenho a obrigação de fazer um culto onde o convertido saia pensando como melhorar a sua vida, o não cristão saia pensando em Deus e para isso não tenho que fazer o culto como eu gosto, da minha maneira e sim como Deus quer. Estilo de liturgia?? Cada lugar tem a sua necessidade diferente.

Sou pastor desviado porque “to de saco cheio” dessa briga de tradicionais com pentecostais, esses tema como: “ tira bateria, é do diabo, pode ou não pode dançar na igreja, bater palma é bíblico ou não, oração em línguas ainda existe? Devemos cantar hinos ou corinhos”. Sinceramente não aguento mais, para mim esta é a pior desculpa que um crente pode dar para não trabalhar na obra, brigando por mesquinharia e futilidades.

Sou pastor desviado porque com tudo isso descobri que não sou tradicional, mas amo a nossa história e creio na importância de se aprender com ela (gosto de hinos, sou fã de Vencedores por Cristo), não sou pentecostal, mas creio no pentecostes, e muito menos liberal, mas sou livre em Cristo.

Agora para piorar tudo isto, eu sou um pastor desviado que não quero me “des” desviar, prefiro caminhar na graça de Deus, pregar deste Deus aqui na Rússia, no Brasil, onde Deus me permitir, sendo apenas eu, alguém que acredita na redenção de Cristo, pois um dia ela me alcançou e transformou a minha vida, e a única coisa de boa que tenho em mim é graças e por Deus…..

Antes de encerrar, gostaria de dizer que conheço pessoas e igrejas sérias eu nosso país, pastores tradicionais que pregam de terno de gravata como o pastor Pedro Alves que é exemplo de vida para mim, como a sua querida igreja, também conheço pastores de linha pentecostal como o pastor Wilson de Divinópolis que vive uma vida de fé sendo usado para resgatar vidas que ninguém mais se importa, mas pastores e igrejas como estas infelismente não representam a maioria dos Protestantes, pois hoje a grande maioria “protesta” em causa própria, é lógico, em nome de Deus para não perder a “clientela”.

Um beijo com carinho de um “pastor desviado”

nEle que me desviou dos caminhos torturosos para o caminho da vida na Vida.

Fábio

http://www.fabiodiniz.com/pense/pastordesviado.html

O Dom de sepultar igrejas


por Augustus Nicodemus Lopes

É um assunto sensível e delicado, mas acho que devo escrever sobre ele. É o caso de pastores que acabam ficando conhecidos, não pelas novas igrejas que abriram, mas pelas igrejas que sepultaram. A mão deles, ao sair das igrejas, quase sempre foi aquela que fechou os olhos do pobre cadáver eclesiástico.

Soube que os colegas de um desses, na gozação, haviam decidido entregar-lhe “a pá de ouro”, quando finalmente se jubilou para alívio de todos... (qué malos!)

Os pastores com o ministério do “esvaziamento bíblico” são um problema para suas denominações, que ficam sem saber o que fazer com eles, após terem criado problemas em praticamente todas as igrejas por onde passaram.

O pior é quando um pastor desses acaba obtendo algum poder político no âmbito da denominação, o que torna ainda mais difícil achar uma solução.

E que solução haveria para os pastores que têm um histórico crônico de problemas nas igrejas por onde passaram? Acho que se deve, em primeiro lugar, dar um crédito de bona fide.

Será que o problema é realmente o pastor ou os conselhos e igrejas por onde, por azar, andou pastoreando? (há, de fato, conselhos, consistórios ou mesas diretoras conhecidos por trucidarem pastores. Mas, isso é assunto de outro post...)

Descontado este crédito, fica evidente que tem gente que errou na escolha do ministério pastoral como sua missão no mundo. Talvez esse engano não foi intencional.

O zelo e o ardor de servir a Deus e de viver em contato com sua Palavra e a sua obra fazem com que muitos jovens cristãos, cheios de amor ao Senhor, busquem o pastorado como a maneira prática de realizar seus sonhos espirituais.

A esses, muito pouco tenho a dizer, senão que podemos ser espirituais, zelosos por Deus, amantes de Sua Palavra e de sua obra em qualquer outro lugar além do púlpito.

Há cristãos zelosos e sinceros que sinceramente erraram na vocação.

Há também aqueles que viram o pastorado como meio de vida, ou que ficaram fascinados pelo prestígio que o púlpito e o microfone na mão parecem conferir aos que chegam lá.

O pastorado exige mais que desejos profundos de santidade e paixão pelas almas perdidas. E obviamente, nunca será eficazmente desempenhado por quem entrou por motivos baixos.

Não estou dizendo que a prova da genuinidade da vocação é o sucesso numérico, pastorados longos em um único lugar e um histórico de saídas pacíficas de diferentes igrejas. Sei que números não dizem tudo. Nem saídas pacíficas de pastorados longos.
Contudo, dizem alguma coisa.

O problema se agrava porque em denominações históricas se incentiva o ministério em tempo integral.

O pastor, via de regra, só aprendeu a fazer aquilo mesmo:
realizar atos pastorais,
elaborar uma liturgia,
preparar sermões e estudos bíblicos,
atender gente no gabinete,
visitar os enfermos e necessitados,
animar os cultos de domingo,
fazer a sociabilidade da igreja, e por ai vai.

Se sair do pastorado, não sabe praticamente fazer mais nada. Vai acabar abrindo uma igreja para ele, como muitos fizeram.

Para evitar o problema, algumas denominações incentivam pastores bi-vocacionados, isto é, que além do ministério pastoral, tenham uma profissão secular.

Pastores com dom de fechar igrejas acabam se tornando um problema para todo mundo, especialmente quando eles vêm com um defeito de fábrica: a falta do “mancômetro”, um instrumento extremamente necessário para o ministério pastoral, que avisa quando está na hora de sair.

Pastores sem mancômetro não conseguem perceber aquilo que todo mundo fica com receio de dizer-lhe abertamente: que de pastor mesmo, ele tem pouco ou nada. E que a melhor coisa que ele deveria fazer, era pedir para sair, e sair silenciosamente, sem fazer muito barulho.

Não posso deixar de admirar pastores que após algum tempo de ministério voluntariamente pedem para sair, ao perceber que cometeram um erro ao entrar.

Conheci uns três ou quatro que fizeram isso, apesar de só me lembrar do nome de um deles. Tenho certeza que uma atitude dessas por parte de irmãos com o dom de enterrar igrejas agradaria ao Senhor. A ponto dele abrir-lhes portas para ganharem a vida de uma forma realmente digna e decente.

Lembro-me da oração de meu sogro, o Rev. Francisco Leonardo, quando era reitor do Seminário Presbiteriano do Norte:
“Senhor, manda para o seminário os verdadeiros vocacionados e coloca para fora os que não são”.

Se mais diretores de seminários e conselhos de igrejas fizessem esse tipo de oração com mais freqüência, teríamos que entregar menos “pás de ouro” nos concílios.